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Uma grande instalação com mais de 200 elementos do artista visual cearense compõe a exposição inédita de Carlos Macedo, com curadoria de Jacqueline Medeiros.
Uma poética para debater a contemporaneidade é o que traz a exposição "Horizontes Móveis" do artista visual Carlos Macedo, com curadoria de Jacqueline Medeiros. Uma grande instalação com mais de 200 elementos do artista cearense compõe a exposição inédita que segue em cartaz até o dia 23/7, no Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Conde d'Eu, 560 - Centro). A entrada é franca.
Provocar, ultrapassar horizontes, debater a instabilidade das coisas e experimentar a própria existência. É assim que Carlos Macedo, em sua mais nova exposição, nos mostra que a arte pode (e deve) ser inquieta e reveladora. Afinal, para ele, o artista é um propositor.
"A partir de Horizontes Móveis estou tratando das fronteiras diárias com as quais nos deparamos, propondo um debate com a poética do ultrapassar do horizonte. Parto do conceito de pós-modernidade, em que todas as coisas são instáveis em seus conceitos. Há uma palavra-chave: flutuabilidade. Não há mais verdade absoluta", descreve o artista.
Já a curadora da exposição, Jacqueline Medeiros, aponta para um caminho de possibilidades. "Quanto mais possibilidades de tocar as pessoas, mais a obra é contemporânea e relevante", destaca.
Metáforas que vêm da infância
Transformando objetos com seu toque poético, Macedo junta, agrega, altera, remove e desconstrói conceitos de peças que encontramos no cotidiano, como as fôrmas de sapato de madeira, que aparecem constantemente na exposição. Nas instalações estão um pouco da memória do artista.
"Minha relação com essas fôrmas vem da infância. Agora, com o avanço na tecnologia dos materiais, estão sendo substituídas por outras, de polímero, mais resistentes. Tenho a memória afetiva e mesmo sonora, de quando meu pai foi sapateiro. Ademais, pés são muito significativos, quer do ponto de vista da práxis, da semiótica e são impactantes, como metáfora", destaca o artista.
A curadora Jacqueline Medeiros ressalta que a exposição não é de obras individuais e que não pretende ser uma retrospectiva das obras do artista. "É como se fosse uma instalação unica que 'fala' sobre esses tempos em que vivemos, tem a ver com a instabilidade, a vida caótica. Ao mesmo tempo remete ao passado do Macedo, tem um romantismo que remete ao sertão, dialogando com o mundo hoje, que nos tira toda a sustentação única e firme", explica.
Obra aberta
Carlos Macedo também convida as pessoas a construírem um olhar sobre os objetos que, a princípio, estão numa condição de "instabilidade", segundo considera. Nasce na exposição uma variedade de obras abertas que vão sendo criadas, inventadas, a partir desse olhar do espectador.
"Quando você olha as obras, elas estão numa condição de instabilidade permanente. Estamos sempre buscando a realização das coisas , mas qual o ponto de realização das coisas? É um sentido de esperança, mas nos deparamos sempre com a instabilidade humana", reflete.
"Estou me apropriando de formas. Eu me aproprio dessas formas. Os objetos que uso foram construídos com uma finalidade útil, no seu princípio, mas há uma desconstrução ou uma ressignificação quando eles são matéria-prima do artista. Mesmo com a recontextualização, nem tudo está completo. Muito da proposição da obra se completa com a percepção do espectador", complementa.
Sociedade elástica
Apropriando-se dos conceitos do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, de uma sociedade líquida, e sendo mais otimista, Carlos Macedo propõe o conceito de uma "sociedade elástica", com sua obra. "Seria uma sociedade que vai experimentando a própria existência, que vai para todos os lados, que não tem um ponto fixo de parada", descreve repassando a ideia de um múltiplo olhar das pessoas sobre as coisas.
Sobre Carlos Macedo
Nascido em Juazeiro do Norte, Ceará, Carlos Macêdo, com apenas nove anos de idade já se encontra envolvido com os processos artísticos da ourivesaria. Funde, lamina, puxa fios, lixa e faz o polimento das peças cuja execução assiste com especial interesse. Jamais perde esse vínculo, estabelecido pela paixão. Trabalha com jóias durante anos nos quais exercita desenho, pinta, escreve. O seu contato com a escultura se dá ao mesmo tempo em que manipula o fole de fundição e visita o atelier de Mestre Noza, bem como o galpão onde, parcela a parcela, foi esculpida a estátua do Pe. Cícero. Hoje transita por linguagens artísticas diversas como desenho, gravura, pintura, escultura e relevo, performance, escolhendo aquela que melhor se aplica ao que pretende expressar.
Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará, UECE, onde também foi Monitor de Conteúdo Integral de Filosofia da Arte, Macêdo é detentor dentre outros, do Prêmio Nacional do Circuito Cultural Banco do Brasil, na categoria de Artes Visuais. Mais informações: http://www.cmaced
Serviço
Exposição "Horizontes Móveis", de Carlos Macedo.
Em cartaz até 23 de julho
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Conde d'Eu, 560 - Centro).
Visitação: Terça a sábado, de 10h às 19h.
Entrada franca.