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Muito se tem falado ultimamente sobre os impactos das novas tecnologias em todas as áreas e no Direito não seria diferente. Vários autores têm preconizado até o termino da profissão, que a meu ver é um pouco de sensacionalismo para chamar a atenção como grandes gurus futurólogos.
Não se pode negar que a evolução tecnológica está sendo brutal e que vai mudar tudo ao nosso redor, desde o simples fato de usarmos a internet (com todos aqueles softwares que descobrem nosso padrão de navegação e sugerem automaticamente coisas que possam nos interessar em qualquer navegador que utilizemos, como se fizessem parte da página original) até nos mais novos robots que chegam a cozinhar (www.moley.com).
Sou apaixonado pelo futuro e tudo que se refere a novas tecnologias e tenho certeza que essa nova revolução vai nos impactar de maneira que nunca havíamos sentido, mas o ponto que quero abordar é que ultimamente confunde-se inovação com tecnologia (que é um tipo de inovação) e esses conceitos são bastante diferentes.
O mercado jurídico está passando por uma pressão brutal, não causada pela tecnologia e sim pela ameaça da concorrência mais acirrada, pela mudança das responsabilidades atribuídas aos Diretores Jurídicos e seus departamentos, pelo aperto que tais setores estão exercendo nos seus prestadores de serviços jurídicos e tudo isso exigindo adaptações brutais num mercado que sempre esteve numa zona de conforto.
O que mais tem me espantado é a visão endógena que vários gestores de escritórios ainda têm de si mesmos, pois quando questionados sobre seus diferenciais, quase sempre respondem com as frases: “temos os melhores advogados” (falam inglês, têm LLM, trabalharam em escritórios americanos e por aí vai), “atendemos bem nossos clientes” (quase sempre consta uma frase de efeito nos sites), “ temos a melhor expertise”, apenas para citar as principais. Não sei se esta atitude é de autoenganação, “wishfullthinking” ou até a própria visão incorreta de seu negócio.
Por outro lado, os mesmos gestores percebem que têm problemas internos e externos, que aparecem na falta de plano de carreira correto (lembremos das expectativas das novas gerações), na falta de um critério profissional de relativização de sócios, na falta de produtividade e rentabilidade, na falta de um conhecimento mais profundo do mercado que atuam e na falta de um planejamento (mínimo que seja) de suas atividades atuais e movimentos futuros.
Perguntas emblemáticas que evidenciam as dificuldades internas:
Por que não consigo fazer boas contratações de profissionais?
Por que não consigo mais comprometimento da minha equipe?
Por que não consigo melhorar o nível das contratações dos meus serviços?
Por que é tão difícil aumentar a rentabilidade?
A simples adoção das novas tecnologias irá, sem sombra de dúvidas, trazer o aumento de eficiência na operação, mas é apenas um approach evolucionário, no qual tentamos fazer um pouco melhor aquilo que sempre fizemos. O que se espera do mercado jurídico é uma mudança inteira na forma de prestar tais serviços e isso só ocorre quando muda o “mindset” de seus gestores, pulando para um approach revolucionário, ou seja, pensando fora da caixa e principalmente tendo a coragem de experimentar novas soluções.
Pensar à frente não quer dizer fazer melhor e sim fazer diferente, mais ágil, mais barato e melhor!
Essa mudança não virá da implantação de novos sistemas, mas sim de uma nova relação com clientes, mudando da forma tradicional passando de “legal advisor” do cliente, para ser o “business partner” do mesmo.
As perguntas que devem ser feitas são:
O que meu cliente quer efetivamente de mim?
O que o mercado espera dos prestadores de serviços jurídicos no momento econômico atual?
Será que o serviço que ofereço (pelo valor cobrado), o mercado quer consumir?
Sou efetivamente atraente para os profissionais do futuro?
Quais são minhas vantagens e desvantagens competitivas?
Como melhorar minha eficiência e eficácia?
Com certeza, a tecnologia ajudará em muito nas soluções de todos os problemas identificados quando tais perguntas forem feitas e respondidas.
José Paulo Graciotti é consultor, autor do livro “Governança Estratégica para escritórios de Advocacia”, sócio da GRACIOTTI Assessoria Empresarial, membro da ILTA– International Legal Technology Association e da ALA – Association of Legal Administrators. Há mais de 30 anos implanta e gerencia escritórios de advocacia - www.graciotti.com.br
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