TEXTO: BRUNO DE CASTRO ILUSTRAÇÃO: DIOGO BRAGA Uma das principais políticas da Defensoria Pública do Ceará, o Transforma, mutirão de retificação de certidões de nascimento de pessoas trans e travestis, já tem calendário definido para este ano. As inscrições acontecerão de 14 a 28 de maio, exclusivamente pela Internet, em página específica para este fim no site oficial da DPCE. A entrega dos novos documentos – em conformidade com o nome e gênero com os quais a pessoa identifica-se – ocorrerá em 25 de junho, de forma presencial. Quem não tem acesso à Internet ou apresenta dificuldades na digitalização e envio da documentação exigida deve procurar as instituições parceiras do Transforma (ver lista abaixo), que este ano será realizado pela Defensoria em oito cidades de forma simultânea: Fortaleza, Sobral (na Região Norte), Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (as três na Região do Cariri), além de Russas, Limoeiro do Norte e Morava Nova (essas no Vale do Jaguaribe). “Essas instituições sã
"Além de grande artista, Belchior foi uma pessoa de bom caráter e participação social". É o que destaca o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), que conheceu Belchior em 1968, em Fortaleza, quando ao lado do então estudante de Medicina participou de um grupo de apoio a pessoas em situação de prostituição, em Fortaleza.
"Ele era acadêmico de Medicina e eu de Pedagogia. E a Lurdinha, uma militante do movimento popular do Maranhão, veio pro Ceará com a missão de criar um grupo de ajuda e proteção às prostitutas", conta Chico Lopes.
"Nos encontrávamos na Diocese de Fortaleza, no seminário na Prainha, e de lá íamos pro chamado 'curral', que era naquela região onde hoje é o Marina Park (hotel). Era uma zona de prostituição. E ali fizemos um trabalho no sentido de ajudar essas pessoas, oferecer um caminho de recuperação", rememora.
"Belchior fazia parte desse grupo,q ue se reunia sempre aos sábados à tarde. Inclusive foi quando ele começava a tocar violão, cantar. Ficamos nesse grupo algum tempo, e ele ajudava a discutir conosco qual seria a forma de abordagem, como poderíamos ajudar", complementa Lopes.
Para o deputado, que entrou no PCdoB naquele ano de 1968 marcado pela forte repressão da ditadura civil-militar e da edição do Ato Institucional No. 5, o Brasil perdeu hoje um de seus maiores artistas, "uma pessoa de esquerda, de bom caráter, que participava das atividades políticas". "Era um momento difícil, da repressão. E nos tínhamos esse papel de defender as liberdades, mas defender também as questões particulares, como as dessas mulheres", aponta Chico Lopes.
"Depois, quando ele deslanchou na carreira musical, eu sempre comprava os discos, admirava. Ele estava se tornando um cantor e compositor com uma carreira brilhante", recorda. "Lamentamos demais essa partida e deixamos nossa solidariedade aos familiares, aos colegas músicos e a todos os cearenses e brasileiros que se emocionam com a força e a beleza das canções do Belchior".