Opinião. Twitteiros, "não é assim que se esfola um bode"

A prisão de um empresário do ramo de restaurantes, maior suspeito de ter atirado em morador de rua, na madrugada de hoje, na Praia de Iracema, reacende o debate sobre a exposição ou não da imagem e informações sobre presos. Em 2009,o secretário de Segurança do Ceará, Roberto Monteiro, fou duramente criticado por tomar medidas contra a exposição dos presos por parte de alguns policiais e pela mídia. Na edição do Jornal O Povo, do dia 23 de fevereiro de 2010, em artigo intitulado " Voyeurismo e o teratológico", o secretário discorre sobre o assunto. Em um trecho do texto, Roberto Monteito se refere assim a matéria publicada por esse mesmo jornal sobre a cobertura do caso da menina de 5 anos que foi violentada e morta: " Nunca a fome de ver esteve tão insaciável, a ponto de nos cegar, mesmo diante das mais sagradas barreiras morais e éticas de nossa civilização. Ver é o que importa e divulgar é preciso. Essa ânsia incontrolável tem levado até mesmo profissionais e órgãos de imprensa de reputações ilibadas a cair em tentações traiçoeiras como a de publicar, verbo ad verbum, o laudo de exame cadavérico de uma infeliz criança violentada e morta por um facínora impiedoso. ". Voltando ao assunto referente a prisão de hoje, a mesma lógica de divulgação prossegue. Porém, a própria polícia mostrou a identidade do suspeito para os programas policiais, antes mesmo de iniciar o ínquérito policial. Ou seja, desobedeceu a ordem da Secretaria de Segurança Pública. Não vou aqui entrar no mérito se o preso é rico ou pobre. Também não acho normal divulgar fotos, imagens e nomes de presos, ricos ou pobres, que sejam suspeitos em um crime. A polícia também descumpre a ordem do Secretário quando há divulgação em excesso de informações de presos menos favorecidos financeiramente. Até mesmo nos flagrantes. No caso de hoje, envolvendo um empresário, quem concluirá o seu envolvimento no crime será o inquérito. E a Justiça dará ou não o verecdito. Ele deve sim pagar pela leis penais válidas em todo território nacional. Por conta da divulgação, o nome do suspeito está sendo pisoteado no twitter. A imprensa e alguns usuários escrevem no microblog sobre o caso, instituindo até uma campanha contra o restaurante do empresário e o colocam e julgam em praça pública, ou melhor praça virtual, sem direito a defesa. Ao que parece, o twitter tem se tornado uma sala de julgamento. Qualquer opinião contrária da maioria é condenável. Todo dia, aquela mídia social que tem se tornado de domínio público, está cheia de patrulheiros. Digo melhor, sem generalizar. Alguns ali se comportam como abutres em busca de carniça. Muitos gostam de se passar como os melhores acima do bem e do mal. Ao instituírem um campanha contra o restaurante do suspeito, expõem um ar de intelectualóides oportunistas. Tem opinião sobre tudo. Menos sobre suas vidas. Outros utilizam o espaço para mostrar serviço e darem seus julgamentos sem pestanejar. Na minha opinião, a instantaneidade do twitter tem enburrecido os usuários. É uma desordem sem progresso de pensamento e nem debate. Penso que " não é assim que se esfola um bode". Vamos com calma!! Cuidado com o que se digita no meio virtual. Tudo fica registrado e pode se virar contra você no mundo real.

PS: Este blogueiro é solidário ao morador de rua vítima desse tiro disparado de uma espinguarda.