Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular (LBBM) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) publicou, neste mês, na revista Elsevier, artigo sobre a prevalência da Covid-19 em crianças, adolescentes e adultos em situação de educação a distância na rede municipal de ensino em Fortaleza. Os dados sugeriram potencial de transmissibilidade em todas as faixas etárias estudadas, mesmo entre as crianças que se encontravam em ensino remoto.
O estudo, conduzido pela coordenadora do LBBM, professora Izabel Florindo Guedes, foi realizado em parceria com o Instituto do Coração da Criança e do Adolescente (InCor Criança) e com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com objetivo de identificar a prevalência de Covid-19 por meio de testes sorológicos (IgM e IgG) e RT-PCR.
O público estudado foi dividido em três faixas etárias: 423 crianças de até 9 anos; 854 adolescentes de 10 a 19 anos e 282 adultos com idade maior que 19 anos, que eram funcionários das escolas. Entre as 423 crianças, 107 (25,3%) apresentaram soroprevalência com IgG, IgM ou IgG/IgM. Já entre os 854 adolescentes estudados, 250 (29,2%) tiveram sorologia positiva, enquanto, no grupo de 282 adultos, 59 (20,9%) foram positivados com a doença. A taxa de prevalência para todos os grupos foi de 26,7% na sorologia e 4,04% na RT-PCR.
As crianças apresentaram taxas mais baixas de IgM e menos sintomas em comparação com adolescentes e adultos, como explica o pesquisador do LBBM, Valdester Cavalcante Pinto Júnior, autor da tese de doutorado relacionada à pesquisa. Ele explica que, durante a primeira onda da pandemia, o InCor Criança promoveu lives educativas sobre a Covid-19 para os pais de crianças com cardiopatia congênita. As famílias manifestaram preocupação com o retorno das atividades presenciais nas escolas, o que motivou o início da pesquisa. “Mesmo as crianças que estavam apenas em ensino remoto apresentaram uma taxa de contaminação por Covid-19 considerável. Em sua maioria, as crianças eram assintomáticas, mas mantinham capacidade de transmitir a doença”, ressalta o pesquisador Valdester.
De acordo com o docente, os resultados preliminares do estudo foram entregues para a SMS e a Secretaria Municipal da Educação (SME) em dezembro de 2020, quando a capital já vivenciava uma segunda onda da Covid-19. “Com base nesse e em outros estudos, as secretarias tomaram as decisões de postergar o início das aulas presenciais. Esse foi mais um estudo que deu base para a tomada de decisões do município no sentido de estender um pouco mais as aulas remotas”, conta o professor.
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