Com apoio da Prefeitura, Fortaleza recebe 24ª Parada pela Diversidade Sexual do Ceará
Os órgãos municipais ofereceram suporte logístico nas áreas de trânsito, segurança, transporte, saúde e limpeza
Fortaleza foi palco, neste domingo (29/6), da 24ª edição da Parada pela Diversidade Sexual do Ceará, evento que reuniu milhares de pessoas na Av. Beira Mar em celebração à diversidade, à resistência e à cidadania. A iniciativa é organizada pelo Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB) e contou com o apoio da Prefeitura de Fortaleza, que ofereceu suporte logístico nas áreas de trânsito, segurança, transporte, saúde e limpeza. O Governo do Estado do Ceará também apoiou a realização do evento. Além do suporte operacional, Prefeitura e Estado também participaram da festa com trios elétricos que contaram com apresentações de DJs em celebração à diversidade sexual.
Com o tema “Quem chora por nós?”, a Parada deste ano homenageou as pessoas LGBTQIAPN+ que lutaram e seguem lutando por direitos e visibilidade, muitas das quais já não estão presentes. A escolha do tema reforça a importância da memória e da continuidade da luta por igualdade e respeito.
“É uma alegria para essa gestão, que está se iniciando, participar de um evento tão grandioso, que celebra o ser e o existir da população LGBT. A pedido do nosso prefeito, todos os órgãos da Prefeitura, AMC, Etufor, Guarda Municipal, Saúde, Meio Ambiente, entre outros, não mediram esforços para assegurar que a Parada acontecesse com ordem e atendesse às expectativas do público”, destacou Narciso Júnior, coordenador municipal da Diversidade Sexual.
“Essa é uma luta diária. Estamos fortalecendo a articulação entre o poder público e a sociedade civil para garantir, juntos, avanços reais nas políticas públicas voltadas à população LGBT de Fortaleza”, concluiu Narciso.
Neste ano, o evento contou com uma novidade: pela primeira vez, o título de Madrinha da Parada pela Diversidade Sexual do Ceará foi compartilhado entre duas pessoas, Viviane Venâncio Matias e Labelle Rainbow.
Viviane de Oyá, como também é conhecida, é mulher negra e tem 50 anos, sendo trinta deles dedicados ao ativismo pelos direitos de travestis e transexuais. “Eu não sou muito de falar, sou mais de agir. Este ano completei 50 anos de idade e também 30 anos dentro do movimento. São três décadas de luta por melhorias, por saúde e por dignidade para a nossa população. Hoje, estar aqui é só gratidão. Gratidão pelo reconhecimento, por todo o caminho trilhado, por toda a luta. Gratidão também por essa equipe maravilhosa com a qual tenho o privilégio de trabalhar.”
Além de celebrar conquistas, o evento também teve como foco a defesa de políticas públicas voltadas à população LGBTQIAPN+ idosa, chamando atenção para a necessidade de garantir o direito de envelhecer com dignidade, acolhimento e sem discriminação.
Marcha por igualdade e respeito

“Estamos aqui para impor o nosso respeito. Não é sobre tomar o lugar de ninguém. É sobre ter o nosso espaço, o nosso direito, junto com toda a sociedade. A gente precisa de respeito todos os dias”, comentou a mulher trans Lilian Vitória, que vai à Parada desde a primeira edição com a sua companheira Nayara Guimarães. O evento marca a junção da diversidade sexual, que dentro de si também guarda muitas outras diversidades, como comentou a pessoa não-binária Eros Araújo, estreante na Parada, que gostou de ver pessoas de mais idade no evento.
“Eu acho incrível, porque todo mundo pode ver que tem muita gente na causa, e que essa pauta precisa estar sempre presente. Achei o máximo, até porque tem um monte de sapatão mais velha por aqui, e isso não é algo que a gente costuma ver no dia a dia, sabe? Também tem essa parte de poder envelhecer como pessoas trans, travestis e tudo mais. Isso é muito importante.”
Marcando presença pela primeira vez na Parada, a mulher trans Letícia Marques comentou: “A gente só tem um ou dois dias no ano pra vir aqui, dar a cara a tapa, levantar a voz e pedir respeito. Enquanto isso, o ano inteiro é de violência, de mortes, de descaso contra o meu público, contra a minha classe.”
Bárbara Rodrigues, atual Miss Gay Ceará, também foi ao evento pela primeira vez e contou um pouco da sua história.
“É a minha primeira vez na Parada. Fora do personagem, eu sou gerente de loja. E do ano passado pra cá eu decidi me dedicar à arte do transformismo. Comecei participando de um concurso no bairro e, a partir daí, surgiu a oportunidade de concorrer ao Miss Gay Ceará Oficial, sob a coordenação do Ricardo Dioni. E deu tudo certo, hoje eu sou a Miss Gay Ceará Oficial.”
“A gente precisa acumular direitos, não só dor. A educação tem que ser prioridade. O preconceito tem que ter limite. A discriminação também. Nós queremos acesso ao mercado de trabalho, queremos oportunidades. Queremos dignidade. Por isso, a Parada existe: porque acreditamos que é preciso defender a população LGBTQIA+ como parte da classe trabalhadora também. Viva a diversidade, viva o amor!”, completou Bárbara.
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