Universidade Federal do Ceará, através de equipe do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), é a única instituição brasileira a participar de uma ação internacional inédita de 30 dias que vai cruzar o oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo num estudo sobre a contaminação por microplásticos na água, sedimentos e organismos, sendo uma das primeiras que irá analisar desde o oceano profundo até a superfície. O navio com os pesquisadores parte nesta terça-feira (26) de Salvador (BA), com chegada prevista em Cartagena, na Espanha, no dia 22 de maio.
A expedição está integrada ao Projeto Internacional I-plastics, do qual o LABOMAR-UFC participa desde 2019, contando com financiamento da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). O I-plastics faz parte de um consórcio multidisciplinar de pesquisadores de cinco instituições de pesquisa de quatro países (Brasil, Portugal, Espanha e Itália), e a UFC é a única instituição brasileira incluída nessa parceria, de acordo com informações do Prof. Marcelo Soares, docente do LABOMAR e coordenador brasileiro do I-plastics.
Segundo ele, “a proposta do I-plastics é avaliar a dispersão e os impactos dos microplásticos nos oceanos tropicais e temperados, desde a interface regional continente-oceano até o oceano aberto, e os resultados dessa pesquisa servirão para elucidar as lacunas científicas que ainda existem acerca dessa problemática social e ambiental”.
Numa ideia da urgência e relevância do estudo, o pesquisador relata que dados dão conta que já existem atualmente 5 trilhões de pedaços de plásticos contaminantes em todas as regiões do mundo e isso se torna cada vez mais comum. Ele alerta ainda que estimativas recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o ser humano consome entre 74 e 121 mil partículas de microplásticos por ano, principalmente no açúcar, sal, água e bebidas engarrafadas, além de outras vias. Como se não bastasse, em 2020, foi detectada, pela primeira vez na história, a presença de microplásticos na placenta humana, e este ano, houve a detecção de microplásticos no pulmão humano.
Para Marcelo Soares, a expedição trata-se de uma ação inédita e de alto impacto. “Como pesquisador nascido no Ceará e parte da UFC fico feliz de poder participar e mostrar que nosso estado e a nossa universidade pública está na dianteira de pesquisas internacionais que visam ajudar a humanidade. Também me emociono em poder propiciar a participação de duas mestrandas, jovens pesquisadoras, que irão ter uma oportunidade única”, diz ele.
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