Existe um tipo silencioso e sorrateiro de violência que historicamente permeia a sociedade brasileira. Ele consiste em negar o direito a estar presente . Em seu livro Memórias da plantação , a escritora Grada Kilomba chama isso de “princípio de ausência”. Trata-se de um mecanismo de poder pelo qual determinados sujeitos – sobretudo pessoas negras – são sistematicamente apagados da produção de conhecimento, da história, dos espaços e da representação social, mesmo estando presentes na realidade. Dessa forma, naturaliza-se a ausência do negro em lugares de fala e saber, transformando essa exclusão proposital em norma. Matias Viana sabe bem o que é esse princípio. Jovem preto da comunidade Tabapuazinho, na Caucaia, ele cresceu percebendo que muitas coisas não eram para ele, muito menos a produção de conhecimento. Porém, não aceitou essa condição. Matias Viana, recém-formado na UFC, busca estratégias para "enegrecer" a filosofia (Foto: Viktor Braga/UFC) Ironicamen...
Casa do Barão de Camocim promove minicurso gratuito sobre danças tradicionais de Moçambique Com 25 vagas para pessoas negras, atividade com a artista moçambicana Negra Moz explora linguagens híbridas como teatro, música, poesia e dança
Um encontro de dança, música e ancestralidade negra: assim pode ser definido o minicurso Tambai - Movimentos, corpos e ritmos, ministrado pela artista moçambicana Negra Moz. Voltada a pessoas negras interessadas em processos artísticos, a formação será promovida pelo Centro Cultural Casa do Barão de Camocim nos dias 27 e 29 de agosto (quarta e sexta-feira).
Com 25 vagas disponíveis, que podem ser preenchidas via formulário on-line, as atividades serão realizadas na Vila das Artes, equipamento da Prefeitura de Fortaleza vinculado à Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) e gerido pelo Instituto Cultural Iracema (ICI).
O principal objetivo da iniciativa é divulgar a cultura de diferentes regiões de Moçambique, em diálogo com referências culturais afro-brasileiras. Ao explorar linguagens híbridas como teatro, música, poesia e dança, o minicurso Tambai - Movimentos, corpos e ritmos propõe uma relação entre a dança do coco e a dança do UTSE, praticada na região central de Moçambique.
Para a diretora da Casa do Barão de Camocim, Ana Aline Furtado, esta é mais uma ação que reafirma o centro cultural como “um espaço de valorização dos saberes e das expressões artísticas afro-brasileiras e indígenas, em uma relação direta com as raízes africanas, onde tempo, corpo e memória espiralam e contam os modos de resistência desses povos e suas cosmovisões”. “Para nós, a estética é política, e a luta pelo reposicionamento desses saberes no mundo branco é uma luta coletiva”, afirma.
Sobre Negra Moz
Rita José Timba, conhecida artisticamente como Negra Moz, é gestora e investigadora cultural, formada pelo Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC) em Maputo, Moçambique. Sua trajetória artística inclui apresentações em grandes palcos em Moçambique e Zimbábue, além de participações em feiras internacionais em Portugal.
Negra Moz também esteve envolvida em intercâmbios culturais e residências artísticas no Zimbábue, Suazilândia e Zâmbia. Agora, seu objetivo é explorar, conhecer e enriquecer ainda mais a cultura brasileira, com foco nas profundas relações culturais existentes entre Moçambique, África e Brasil.
Serviço
Minicurso Tambai - Movimentos, corpos e ritmos
Datas: 27 e 29 de agosto
Horário: 18h
Local: Vila das Artes (Rua 24 de maio, 1221 - Centro)
Inscrições via formulário on-line
25 vagas. Livre
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