Fortaleza Sem Fome: conheça a logística da distribuição de 2.400 sopas por dia realizada pelo programa Criterioso processo de distribuição garante segurança desde a cozinha até a mesa do beneficiário

De uma nação sem esperança a um horizonte cada vez mais reconstruído. Em julho deste ano, o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome. A saída é um marco para o País, que voltou ao Mapa em 2022. Segundo o levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), apesar da queda, 2,5% da população ainda está em risco de subalimentação, que é quando são consumidas menos calorias do que o necessário para manter uma vida ativa e saudável.
O Programa Fortaleza Sem Fome, lançado pela Prefeitura no dia 8 de setembro, distribui, de segunda à sexta-feira, 2.400 sopas por dia para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Para garantir qualidade e segurança na entrega dos alimentos à população, o programa opera com uma logística criteriosa, que envolve, desde a produção nutricionalmente balanceada, até transporte, controle de qualidade e distribuição.
O projeto é voltado para famílias com crianças de zero a seis anos, gestantes, idosos, pessoas em situação de rua e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade. A distribuição de sopas é feita por meio do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e triagem nos locais de entrega.
Ao todo, serão distribuídas, mensalmente, por volta de 53 mil sopas, cada embalagem contendo meio litro. A produção das sopas fica a cargo do Serviço Social do Comércio (Sesc), enquanto a Prefeitura organiza a logística com frota própria e apoio de organizações sociais espalhadas pela cidade.
Plano Fortaleza Inclusiva

O Fortaleza Sem Fome é um dos oito programas do Plano Fortaleza Inclusiva, lançado pelo prefeito Evandro Leitão para promover inclusão social, garantir direitos e melhorar a qualidade de vida de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
"Demos início à distribuição de mais de 53 mil sopas, um passo fundamental para reduzir a insegurança alimentar em nossa cidade. Inspirados na experiência exitosa do Governo do Estado com o Ceará Sem Fome, estamos trazendo para Fortaleza uma política pública que atende diretamente às comunidades e às famílias em situação de vulnerabilidade. Vamos trabalhar para ampliar o programa até chegarmos a todos os fortalezenses que precisam", afirmou o prefeito durante o lançamento.
Em todo o Estado, diariamente, são distribuídas 130 mil refeições por meio do Ceará Sem Fome, programa permanente do Governo do Ceará voltado ao combate à fome e à promoção da segurança alimentar. Além da distribuição, a iniciativa atua com o Cartão Ceará Sem Fome, no valor de R$ 300, que beneficia mais de 47 mil famílias, uma rede com mais de 1.300 cozinhas sociais e campanhas solidárias que já arrecadaram mais de 500 toneladas de alimentos em grandes eventos.
A expectativa é de que, já no ano que vem, o Fortaleza Sem Fome amplie o número de refeições distribuídas diária e mensalmente no município.
A rota do combate à fome

O motorista Fabrício Aguiar é responsável pela condução de um dos seis veículos que leva os galões de sopa até as entidades que fazem a distribuição para a população. Enquanto se prepara para iniciar a rota, ele descreve o clima das comunidades com a chegada do Programa.
“As pessoas recebem a gente com muita alegria. Quando o carro chega nas associações, já ficam felizes, sempre nos agradecem, e as crianças ficam animadas. A gente fica feliz, porque vemos as pessoas necessitadas sendo alimentadas", conta Fabrício.
O ajudante Írio Pereira da Silva acompanha o motorista, fazendo o processo de recolhimento dos galões vazios e entrega dos cheios. Segundo ele, o processo é marcado pela organização.
"O processo acontece todo dia da mesma maneira. A gente vai para o Sesc, recolhe o material e se desloca para as instituições, para poder fazer a entrega. Com esse protocolo, chegamos nos locais de distribuição nos horários marcados e com tudo certo", explica.
Quando Fabrício e Írio chegam ao Sesc, por volta das 15h, os galões já estão prontos para o transporte, mas o processo de produção e de armazenamento começa antes, no final da manhã, sob coordenação da nutricionista Roseli Souza Felix, supervisora de programas na unidade Sesc RioMar Fortaleza.
“Às 11 horas, quando terminamos a produção do almoço do restaurante do Sesc, a gente começa a colocar os ingredientes no caldeirão de 350 litros. Por volta de 13h30min, ela fica pronta. A gente faz o envase e aguarda a coleta. Tudo cronometrado”, diz.
Alimentação balanceada

Entretanto, o tempo é apenas um dos fatores de atenção. O cuidado com a produção também está na escolha de cada ingrediente. A sopa é pensada para ser um alimento nutricionalmente balanceado.
“A nossa sopa sempre vai ter na composição: carboidrato, proteína e gordura. Podemos fazer ela tanto com frango, carne ou soja, de proteína, e a parte do carboidrato com arroz, massa de milho, farinha de mandioca ou macarrão. Também colocamos legumes, que oferecem fibras”, detalha.
Além do valor nutricional, o sabor é muito importante. “Tem o tempero. Fazemos um refogado e incluímos os hortifrutis que tivermos disponíveis no dia”, acrescenta a nutricionista.
“E a gente também considera a questão da aparência, a textura. Sabemos que as pessoas que vão consumir estão em vulnerabilidade social. Às vezes, é a única refeição do dia, então, fazemos a sopa mais encorpada”, ressalta.
Após serem abastecidos com os galões de sopa, do Sesc, os veículos do Fortaleza Sem Fome seguem para as entidades credenciadas, a fim de fazer as distribuição. Entre as paradas do veículo dirigido por Fabrício, está a Associação dos Moradores do Conjunto Tancredo Neves (AMCTN), no bairro Jardim das Oliveiras.
Para as entregas das sopas, foram capacitados colaboradores de 17 instituições no Curso de Boas Práticas de Alimentos, promovido pela Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS). A prática garante segurança desde a cozinha até a mesa do beneficiário.
O processo de distribuição também é avaliado de perto por monitores do Programa. “Eu verifico como está a sopa, se as roupas e equipamentos de proteção utilizados pelas pessoas que fazem a distribuição, como toucas e luvas, estão corretos, se foi feita a higienização do espaço”, informa o monitor Denzel de Andrade.
Quando o carro chega à Associação, o espaço já está preparado. A cozinheira Rosiane Frota Souza fica a postos, pronta para servir o alimento nas embalagens e fazer a entrega para os beneficiários do Programa. “As pessoas chegam aqui com fome, em uma situação precária, ou para levar a sopa para casa, para o jantar. E, quando elas recebem a sopa, o jeito deles muda. A gente vê a felicidade que dá.”
Moradora do bairro, a cozinheira conhece muitas das pessoas que recebem a sopa. Ela também se alegra por fazer parte do processo. “São pessoas que batalham muito, e eu fico muito agradecida por poder ajudar”, reflete.
A esperança em meio às dificuldades
Enquanto recebe a sopa, a aposentada Tônia Maria Martins Teixeira conta que o benefício faz diferença na alimentação diária. “A sopa é saudável, é gostosa e supre a necessidade, porque nem toda a vida a gente tem alimentação. O custo de vida é muito difícil. O dinheiro que a gente ganha não dá para as necessidades. Eu sou aposentada. Meu marido está desempregado. Então, é uma ajuda muito bem-vinda”, afirma.
A costureira Maria Costa da Silva destaca o cuidado na distribuição do alimento. Para ela, o benefício é uma garantia de uma alimentação nutritiva e saudável. “É tudo bem limpinho, cuidadoso. A sopa sustenta bem e é muito boa."

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