Texto: Cláudio Teran
Ele tocava bateria. Era compositor. Cantor. Radialista.
Jornalista. Escrevia e desenhava. Gentil e atento. Um
dos melhores caras que conheci, sublimou.
Eugênio Gustavo Normando Stone se foi depois de
uma doída e brava luta, teimosa luta para continuar
neste plano. Desde 2011 estava fora da cena.
Ele e seu irmão Jason Stone, que subiu antes, com
meros 41 anos, estão entre as pessoas mais sábias
que conheci em toda a minha história de vida.
Os dois foram alunos brilhantes na escola, eram de
colecionar notas dez sem estudar, aprendiam tudo
o que queriam como se soubessem sempre.
Foi assim que Eugênio Stone se tornou músico,
ao domar em seu colo um violão, e fazer vibrar em
seus longos dedos o teclado de um piano. Não
o ensinaram. Era o dom que o guiava.
Havia nele um modo de sorrir que transmitia todas
as melhores boas intenções que um ser humano
é capaz de mandar. Tinha bondade, carinho, luz,
simplicidade, gentileza, humildade, misturadas
naquele sorriso largo que unia e ligava.
Nos conhecemos nas redações da vida, em
papos intermináveis, nas arengas e caronas
e em todas as pautas, vivências e coberturas
que dividimos por aí ao longo da carreira.
Confesso que eu não tinha coragem de vê-lo
debilitado pela silenciosa doença de Alzheimer
que o pegou de surpresa, minando lentamente
sua resistência, até freá-lo e pará-lo.
Optei por preservar vivo na memória aquela
essência do sujeito maior que Stone foi.
Dele guardarei o timbre de voz que transmitia o
que ele de fato sentia. A iluminação de seu rosto
ao sorrir, e os gestos amplos que fazia com os
braços e mãos que ampliavam sua eloquência,
lucidez, "sonhos e delírios também, pois sem
isso, sem eles é mais difícil", dizia.
E nunca vou esquecer do dia em que ele, no
comando do programa Nonato Albuquerque
na AM O Povo, levou ao ar a mais linda das
crônicas que já escutei sobre o dom e o tom
da vida. Entrei no estúdio e pedi a cópia do
texto, e ele , iluminado pelo brilho dos olhos
e do riso disse, "tem texto não, foi tudo de
improviso, deixei meu coração falar".
Foi o que tentei fazer aqui meu amigo. Meu
coração tentou por mim, dizer da saudade
e da lacuna que ficam sem você.
Let me take you down
'Cause I'm going to strawberry fields
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry fields forever...
Texto extraído do Facebook de Cláudio Teran.
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