Ecossistemas de grande biodiversidade, os recifes de corais de Fernando de Noronha e do arquipélago de São Pedro e São Paulo, dois conjuntos de ilhas oceânicas brasileiras, enfrentam a ameaça de resíduos de plástico e de apetrechos de pesca abandonados. Um estudo publicado em julho deste ano revelou que esses dois ambientes recifais estão entre aqueles com maior quantidade de lixo, ao lado de recifes de Comores (África Ocidental) e Filipinas.
“A gente mergulhava nesses locais, achando que ia explorar um ambiente completamente desconhecido, mas, na verdade, já tinha evidências de impacto humano nessas regiões, com muito lixo e material de pesca”, revelou o pesquisador Hudson Pinheiro, da Universidade de São Paulo (USP) e da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), mantida pela Fundação Boticário.
Segundo o pesquisador, tanto o plástico quanto o material de pesca abandonado são riscos para a vida marinha. No caso do plástico, por exemplo, os animais podem confundi-los com alimentos e sufocarem ou então se intoxicarem com o material.
No caso dos resíduos de pesca, como linhas, redes e anzóis, mesmo no fundo do oceano, eles continuam aprisionando e matando animais marinhos. “É o que a gente chama de pesca fantasma. Esses equipamentos continuam pescando por um tempo, causando um impacto ali na comunidade. E, quando um espinhel ou uma corda ficam presos num recife, eles puxam e quebram os corais”, explica Pinheiro.
O pesquisador defende que é preciso repensar o uso do plástico pela sociedade e também a utilização de material biodegradável pelos pescadores, de forma que esses equipamentos, caso sejam abandonados no fundo do mar, não sigam causando impactos na vida selvagem.
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