Além da folia nos dez polos de Pré-Carnaval espalhados pela cidade, o que mais se vê nesses locais é o comércio de ambulantes. Para muitos, a festa transforma um simples dia de trabalho em um momento crucial para melhorar os negócios. Para isso, é necessário estar atento às necessidades dos clientes, ofertando um produto que atraia os foliões.
No Parque Rachel de Queiroz, no bairro Presidente Kennedy, o fim de semana é sempre animado. O espaço se tornou um ponto de encontro de famílias de toda a cidade e região metropolitana, que buscam um espaço para caminhar, lanchar e brincar ao ar livre. Com a chegada do Pré-Carnaval, a movimentação se torna ainda maior com os shows, e o que já era bom para os ambulantes fica ainda melhor.
Apenas no local, 387 permissionários atuam nesse período, sendo 312 ambulantes (entre fixos e volantes) e outros 75 trailers. Entre eles, o Delícias da Márcia, barraca de venda de pratinhos, que está no parque desde a sua inauguração. O empreendimento cresceu com a venda de comida em espaços movimentados da cidade: o parque e o Aterrinho da Praia de Iracema, que também recebe atrações de Carnaval.
A demanda é tanta nos meses de janeiro e fevereiro nos dois locais que chegam a trabalhar sete pessoas, sendo quatro no Aterrinho e três no parque, devido ao aumento no movimento. Regina Araújo, que trabalha nos dois espaços, conta que a produção de comida também aumenta para atender a demanda.
“A gente oferece mais pratos, traz mais opções com maior quantidade para os clientes, aqui no parque e na Praia de Iracema, onde o movimento também é muito grande. Nesse período, as nossas vendas aumentam em torno de 30%”, contou ela.
Ao longo dos 12 dias de Pré-Carnaval, 1.220 ambulantes foram autorizados pela Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger) a trabalhar nos dez polos espalhados pela cidade. Eles atuam em pontos fixos e itinerantes, sendo orientados por equipes das Secretarias Executivas Regionais, conforme plano operacional elaborado para as festividades. A média de faturamento por dia de cada ambulante varia de acordo com o tipo de produto e com o investimento.
Renan Maciel é permissionário no parque há seis meses e resolveu mudar temporariamente seu negócio para se adaptar à demanda de Carnaval. Ele trabalha com itens de festa, e no ano passado trazia um pula-pula para aluguel. Com a chegada do período carnavalesco, Renan agora vende adereços, espuma, confete e bebidas.
“No período de carnaval aumenta 100% nosso lucro em comparação ao período normal. Como a gente trabalha com artigos de festa, essa é a melhor época para venda. A gente também ficava em outro espaço do parque e viemos para mais perto do palco, o que também aumentou nossas vendas”, explicou.
Quem também resolveu adaptar seu negócio para as vendas do carnaval foi Emília Eugênia, que trabalha com tricô e crochê. A empreendedora faz parte do programa Nossas Guerreiras, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), que oferece crédito orientado para mulheres de baixa renda que já empreendem ou desejam empreender.
A rotina de Emília é vender seus produtos em feiras, especialmente nos fins de semana. Com a chegada do Carnaval, seu foco muda. Das feiras, o Parque Rachel de Queiroz passa a ser o ponto quase fixo de seu trabalho. Das bolsas de crochê, que são seu principal produto, ela passa a vender adereços de carnaval como brincos, tiaras e colares, ainda utilizando seu talento manual com o tricô.
“Se eu saio para trabalhar nesse período o lucro é garantido, principalmente porque sou eu que faço. Nesses meses, consigo tirar uns R$ 500,00 por dia, um aumento de mais de 40% comparado com outros meses. Eu vivo disso, é minha única renda. Quando eu não estou vendendo aqui no Carnaval eu vou para o Benfica, onde também vendo muito bem, o público é maravilhoso. E na hora que eu termino, vou aproveitar a festa”, brincou.
O dinheiro extra do período carnavalesco serve para reinvestir no trabalho, ampliando e melhorando o negócio. De acordo com Emília, além desse aumento no investimento, ela ainda consegue fazer uma reserva de caixa para o futuro.
Enquanto o show de Pré-Carnaval começava no parque no último sábado (27/01), Izabel Alves aproveitou para comprar alguns adereços com Emília. Izabel, que se mudou recentemente para o Presidente Kennedy, tem aproveitado bastante o espaço para fazer caminhadas, comer e apoiar os pequenos empreendedores.
“Esse espaço melhorou muito a região e com certeza tem ajudado muito os empreendedores que ficam aqui. Acho muito importante ter esse espaço onde a gente consegue ter acesso a várias coisas por causa do trabalho dos ambulantes. Gosto muito de comer nos trailers, adoro a barraca de yakissoba, e hoje vim pela primeira vez para o pré-carnaval, espero vir mais vezes, achei super legal”, disse ela.
Ambulantes credenciados
Na Secretaria Executiva Regional 2, 580 ambulantes estão autorizados para atuar nos polos Mocinha, Praia de Iracema e Náutico. Na SER 3, as festividades acontecem no Parque Rachel de Queiroz e são 387 permissionários, sendo 312 ambulantes e 75 em trailers. Já na Praça João Gentil, no bairro Benfica, a Regional 4 cadastrou e autorizou a atividade de 50 comerciantes. Nos tradicionais polos Mercado dos Pinhões, Praça do Ferreira, Raimundo do Queijo, Passeio Público e Largo Assunção (Centro Cultural Belchior), localizados na SER 12, são 203 comerciantes autorizados para trabalhar em barracas, carrinhos ou de forma itinerante.
Além do auxílio da Seger, a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) também atua nos pontos de festa, com mais de 300 agentes entre fiscais, coordenadores e auxiliares, impedindo o comércio irregular e garantindo o cumprimento das autorizações emitidas pelas Secretarias Regionais, permitindo que os permissionários possam realizar suas vendas de maneira tranquila e organizada.
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