A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará – Ematerce fez-se presente na 7ª Edição do Água Innovation, com a palestra do engenheiro agrônomo Nizomar Falcão, “Sementes de Uma Nova Agricultura – Programa de Irrigação da Minha Propriedade – PIMP.” O evento aconteceu nos dias 12 e 13 de novembro, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará – FIEC, Avenida Barão de Studart, 1980, Aldeota, em Fortaleza. A mesa foi presidida por Waldecir Queiroz, diretor da Terra Ecológica Consultoria.
Segundo Nizomar Falcão, coordenador estadual de Irrigação da Ematerce, da Gerência de Apoio Técnico – GEAT – do Centro Gerencial, “ o 7º Seminário Água Innovation é uma oportunidade que se mostra para todos envolvidos neste segmento, trazendo informações para transformar o futuro do Nordeste. São debates sobre integração de recursos naturais, energia e produção, uma chance única de capacitação e networking. Como convidada da Ematerce esteve a produtora de hortaliças do município de Paramoti, Maria Edileuza da Silva Almeida, com os seus depoimentos.
Nizomar adverte que “no ano de 2024, o Programa de Irrigação na Minha Propriedade (PIMP) conclui o comprometimento dos recursos financeiros, da sua conta original, até então disponíveis, deixando um salto significativo na área irrigada do Ceará, notadamente entre os agricultores familiares. A adoção da irrigação e a necessidade de melhoria da eficiência no uso de recursos, são insumos fundamentais da sociedade, considerando a estimativa de que, nas próximas duas décadas, 80% dos alimentos serão providos pelos cultivos irrigados.”
Na abertura do Água Innovation, Carlos Matos, CEO da Sallto Empresarial, fez explanação do quadro, do setor agropecuário do Ceará, ressaltando que “o mesmo é uma chave para a economia brasileira, com os seus Polos de Desenvolvimento de Produção, acontecendo segundo uma economia e custo equilibrados.” Disse: “nosso potencial é muito grande, temos muito fermento para utilizar.” Deu as boas-vindas, e “os muitos assuntos pertinentes à agricultura familiar, que estariam sendo discutidos nos vários painéis, durantes os dois dias, seriam para subsidiar e promover a agricultura familiar.”
No seu momento, Nizomar Falcão, discorreu sobre Sementes de uma Nova Agricultura – Programa de Irrigação na Minha Propriedade – PIMP, levantando uma retrospectiva desde 1964, com o Estatuto da Terra, os primeiros perímetros irrigados, com a formação de colonização, as vindas da Embrapa e da Embrater, com as pesquisas e os serviços de assistência técnica – ATER.
Enfatizou que com as mudanças climáticas, em andamento, o Ceará e o Nordeste, precisam assumir posturas diferentes com relação aos recursos hídricos, para não penalizar, ainda mais, os agricultores familiares. As razões não são apenas de natureza ecológicas, mas notadamente econômicas. Para ele, o principal desafio da agricultura irrigada do semiárido será, ainda por muito tempo, aumentar a produção de alimentos, alinhado sempre com a promoção da sustentabilidade ambiental.
Na ocasião, ressaltou que por outro lado, é preciso aprimorar as tecnologias, adotar inovações, aperfeiçoar o manejo da irrigação pelos agricultores familiares irrigantes, sem desprezar a sustentabilidade. Os projetos públicos ainda continuarão sendo cruciais para o desenvolvimento da agricultura irrigada no Ceará, pelo baixo nível de capitalização dos agricultores familiares, notadamente para aqueles que possuem pequenas manchas de solo agricultável: irrigação difusa. Os projetos públicos não só viabilizam a irrigação em regiões remotas, mas também ajudam na disseminação e tecnificação da agricultura.
Nizomar lembrou que, a agricultura irrigada, entretanto, terá que se adaptar a uma sociedade cada vez mais dinâmica, exigente quanto à alimentação e quanto às questões sociais e ambientais. É oportuno destacar que as mudanças climáticas já estão afetando vários sistemas naturais e ambientes humanos, tanto rural quanto urbano. É preciso incluir na gestão da atividade da irrigação, análises sistemáticas de adaptação às alterações climáticas, principalmente, naquilo em que é requerido o uso de água de irrigação. A disponibilidade de água poderá impactar o sistema produtivo e o processo de entrega de alimentos.
E ao concluir fez um alerta para o êxito do Programa: “as conseqüências mais imediatas serão os impactos sobre a renda dos irrigantes. Para isso, os produtores precisam ter planos de contingências, que podem ser organizados a priori, voltados para a ocorrência de eventuais problemas com base na elaboração de métodos e processos orientados à gestão de riscos, integrando aspectos tecnológicos, de gestão e de governança, com vista ao atendimento de cadeias de valor do processo agroalimentar.”
Em seguida, passou a palavra para o técnico em agroindústria, André Carneiro, coordenador do Posto Avançado da Ematerce, em Paramoti e para a agricultora familiar, Maria Edileuza da Silva Almeida, assistida pela empresa no município. Emocionada, ela comentou que juntamente com o seu marido, o senhor Raimundo Nonato dos Santos, no sítio Monte Pedal, a 7km da sede, próximo ao rio Canindé, “estamos desenvolvendo a propriedade com o uso da irrigação, beneficiada que é do Programa. Só estamos prosperando, crescendo com a criação da bovinocultura e com as hortaliças.”
Fora do auditório complementou: “a importância da irrigação na nossa propriedade é intensa, mudou o ânimo para o trabalho, porque sem água era muito difícil. Participar do encontro é muito bom, para compartilhar a minha experiência e mostrar a realidade da vida da gente. Antes era tudo para a gente, o feijão temporário e o milho. Hoje em dia, contando melhor com a água temos as hortaliças, a cebolinha, o coentro, limão, acerola, graviola, bananeira, ciriguela, uma pequena bovinocultura de corte e leite e a produção de forragem para os animais. Hoje a gente tem 10 animais bovinos, entre adultos e filhotes. Mas o nosso planejamento é incrementar tudo para o consumo e para a venda – as hortaliças, a fruticultura, aumentar o plantel dos animais, porque a gente tem ainda, galinhas, capotes e porcos.”
Maria Alice Maciel dos Santos , que já foi agente de ATER, hoje secretaria de agricultura do município de Paramoti falou: “antigamente, o casal possuia uma área com rama para alimentar os animais e não havia um suporte forrageiro para este fim. Com o PIMP, tiveram a chance de produzir alimentos tanto para a família como para os animais. O incremento foi maior, que atualmente, o excedente é comercializado no município e tem o destino, também, para o Programa de Aquisição de Alimentos, para as escolas públicas locais.”
Com informações da Ematerce
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