Sindcarnaúba defende, na Câmara dos Deputados, solução biológica e ação imediata contra praga que ameaça carnaubais
O presidente do Sindicato das Indústrias Refinadoras de Cera de Carnaúba do Ceará (Sindcarnaúba), Edgar Gadelha, representou o setor produtivo na mesa redonda “Controle Biológico da Unha do Diabo nas Carnaúbas”, realizada na quinta-feira (14/08), no Plenário 2 da Câmara dos Deputados, em Brasília. Durante o encontro, o líder classista defendeu a adoção urgente de tecnologia já comprovada para conter a planta invasora que ameaça ecossistemas e a economia da carnaúba no Nordeste.
Gadelha levou à Câmara um recado direto: a ciência já oferece uma solução segura para o problema, mas a burocracia ainda impede sua aplicação. A estratégia de controle biológico foi usado há mais de 30 anos na Austrália para combater a Cryptostegia grandiflora, da mesma família da Cryptostegia madagascariensis, e demonstrou eficácia sem impactos ambientais. O agente de controle biológico já foi identificado e testado pelo Centro Internacional de Biociência Agrícola (CABI), com sede na Inglaterra e responsável pela aplicação do controle biológico na Austrália. Participam desta pesquisa as Universidades Federais do Ceará e de Viçosa e as Universidades Estaduais do Ceará e de Feira de Santana.
Durante sua exposição, o presidente do Sindcarnaúba destacou que a praga avança rapidamente sobre carnaubais do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, atingindo também áreas da Caatinga, mananciais hídricos e outros biomas. “O combate biológico é o que há de mais moderno e seguro no mundo, e o Brasil já está pronto para aplicá-lo”, afirmou.
Relevância econômica e social
O dirigente lembrou que a carnaúba é uma cultura secular, presente nas exportações brasileiras há quase dois séculos. Até julho, as vendas externas de cera de carnaúba somaram cerca de US$ 95 milhões, sustentando a renda de aproximadamente 96 mil pessoas. “Não podemos assistir parados enquanto a pesquisa e a tecnologia ficam paralisadas e a praga avança”, alertou.
Gadelha elogiou a mobilização do deputado Leônidas Cristino (PDT-CE), autor do requerimento da audiência, e dos especialistas presentes. Ele também anunciou, para 19 de agosto, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), o lançamento da expansão de uma facility — termo em inglês que designa uma estrutura financeira voltada à captação de recursos para projetos sustentáveis na Caatinga — reforçando o compromisso do sindicato com ações de reflorestamento e produção de mudas, o chamado “recatingamento”.
O encontro resultou no encaminhamento para a criação de um grupo de trabalho reunindo academia, setor produtivo e órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e as secretarias estaduais de Meio Ambiente, com o objetivo de acelerar a liberação do fungo e viabilizar o controle biológico da praga. Para Gadelha, essa união de esforços é decisiva para proteger a biodiversidade, garantir a competitividade internacional da cera de carnaúba e preservar o sustento de milhares de famílias nordestinas.
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