*Mortes súbitas durante atividades físicas: por que os casos têm aumentado?*
_Especialista da Hapvida aponta uso indiscriminado de anabolizantes, termogênicos e pré-treinos, além da ausência de avaliação cardiológica, como principais causas_
Nos últimos meses, mortes súbitas de pessoas durante atividades físicas em academias ou em práticas ao ar livre, que exigem maior condicionamento, têm sido cada vez mais noticiadas. Um dos casos recentes foi o de um homem de 44 anos que faleceu enquanto se exercitava em uma academia em Fortaleza. Situações como essa chocam a sociedade e levantam uma dúvida importante: por que pessoas jovens, que parecem estar saudáveis, morrem, de repente, durante o exercício? Cardiologista, integrante da Junta Médica da Hapvida, Augusto Vilela explica por que os casos estão aumentando e como se prevenir.
A morte súbita é a parada cardíaca inesperada, geralmente causada por uma arritmia fatal, como fibrilação ventricular, que impede o coração de bombear sangue adequadamente. Em questão de segundos, a pessoa perde a consciência. Se não houver socorro imediato com desfibrilador e massagem cardíaca, o óbito ocorre poucos minutos depois.
De acordo com Augusto Vilela, o aumento dos casos pode ser explicado por uma combinação de fatores, dentre eles, sedentarismo prévio e início abrupto de treinos intensos sem avaliação médica; uso indiscriminado de anabolizantes, termogênicos e pré-treinos, que sobrecarregam o coração; doenças cardíacas silenciosas, como miocardiopatias, arritmias hereditárias e doença coronariana precoce; e aumento do estresse e da pressão arterial, que são gatilhos para eventos cardiovasculares.
Além disso, o médico alerta para o envelhecimento da população ativa e recomenda a realização periódica de exames ou, caso seja sedentário, antes de começar a exercitar-se. “Há mais pessoas de 40 a 60 anos praticando exercícios intensos, às vezes, sem preparo adequado. A importância da avaliação cardiológica, antes de iniciar ou retomar atividades físicas, especialmente acima dos 35 anos, é essencial. É preciso realizar uma avaliação completa – incluindo eletrocardiograma, teste ergométrico ou ergoespirométrico, ecocardiograma e avaliação clínica detalhada de fatores de risco (pressão, colesterol, histórico familiar, uso de substâncias) –, permitindo identificar alterações silenciosas que podem ser fatais sob esforço físico intenso”, justifica Vilela.
O cardiologista acrescenta ainda que as academias têm papéis determinantes para a prevenção de mortes súbitas entre os alunos. “Elas devem estar preparadas para agir rapidamente em casos de emergência. Ter um desfibrilador externo automático (DEA) disponível no local é muito importante. Além de treinar os instrutores e funcionários para reconhecer e agir diante de uma parada cardíaca, estabelecer protocolos de emergência, com ligação imediata ao SAMU e início da reanimação. Essas medidas multiplicam as chances de sobrevivência, já que o tempo é o fator decisivo: cada minuto sem reanimação reduz em 10% a chance de vida”, enfatiza o médico.
Apesar dos casos de morte que assustam, Vilela destaca que o exercício físico é fundamental para a saúde, mas que deve ser praticado de forma segura e orientada. Conforme explica, assim como fazemos revisão em um carro antes de viajar, o coração também precisa ser “revisado” antes de grandes esforços. Ele defende que a prevenção salva vidas e a avaliação cardiológica deve ser vista como parte do treino, não como um obstáculo.
Comentários
Postar um comentário
Expresse aqui a sua opinião sobre essa notícia.