Trabalhadores resgatados dividiam espaço com porcos, em casa sem energia elétrica, água encanada ou instalações sanitárias
Uma operação de combate ao trabalho escravo terminou no resgate de nove trabalhadores expostos a condições degradantes no processo de extração da palha da carnaúba, no município de Granja, região norte do Ceará. Além do Ministério Público do Trabalho, participaram da força tarefa a Auditoria Fiscal do Trabalho e a Polícia Rodoviária Federal.
Aliciados em Martinópole, município vizinho, os trabalhadores estavam alojados em uma casa abandonada, sem energia elétrica, água encanada ou instalações sanitárias. Eles coabitavam com porcos e fezes de animais, cozinhavam em fogareiro improvisado no chão e recebiam água acondicionada em vasilhames inadequados e com reutilização proibida. Os trabalhadores dormiam na parte externa do imóvel e até mesmo embaixo de um cajueiro.
Além da total falta de condição de habitabilidade, a equipe constatou uma série de outras irregularidades. Os trabalhadores não tinham contratos de trabalho registrados, não receberam os equipamentos de proteção adequados, nem tinham acesso a banheiros ou materiais de primeiros socorros nas frentes de trabalho. O local onde buscavam água para consumo era distante mais de dois quilômetros da casa.
A inspeção ocorreu entre os dias 20 e 24 de setembro. Diante da gravidade da situação, foi realizado o resgate do grupo de trabalhadores e feita a rescisão indireta dos contratos de trabalho, com a retirada imediata do local, além do pagamento das verbas rescisórias e todos os direitos trabalhistas devidos. Os trabalhadores resgatados também receberão seguro-desemprego por três meses.
A força tarefa verificou, ainda, o retrocesso nas relações de trabalho presentes no processo da extração da palha da carnaúba, visto que em todos os demais locais inspecionados constatou-se a presença de trabalhadores sem registro e sem a utilização de equipamentos de proteção individual, situações que já tinham sido objeto de avanço no setor desde 2018.
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